Artistas circenses, palhaços, poesia e muita música. De longe, parece apenas mais um projeto clichê, como a banda emo Panic! At The Disco, mas O Teatro Mágico vai além disso tudo. Ao longo de seus quatro anos de existência, Fernando Anitelli conquistou milhares de fãs pelo Brasil inteiro, fazendo de seu "sarau improvisado", um grande, lindo e emocionante espetáculo que só vendo. Uma das características mais interessantes do grupo é a total independência de gravadoras. O cd é vendido durante os shows pelo simpático pai do idealizador e tem preço para todos os bolsos; de cinco a dez reais, mas também é completamente disponível no site. Recentemente a banda passou por Porto Alegre no Bar Opinião e, como prometido, estarão de volta dia 11/12 no mesmo local.
Links pra download:
Entrada Para Raros
- Sintaxe à vontade
- A Pedra Mais Alta
Me resolvi por subir na pedra mais alta
Pra te enxergar sorrindo da pedra mais alta
Contemplar teu ar, teu movimento, teu canto
Olhos feito pérola, cabelo feito mantoSereia bonita sentada na pedra mais alta
To pensando em me jogar de cima da pedra mais alta
Vou mergulhar, talvez bater cabeça no fundo
Vou dar braçadas remar todos mares do mundoO medo fica maior de cima da pedra mais alta
Sou tão pequenininho de cima da pedra mais alta
Me pareço conchinha ou será que conchinha acha que sou eu?
Tudo fica confuso de cima da pedra mais altaQuero deitar na tua escama
Teu colo confessionário
De cima da pedra não se fala em horário
Bem sei da tua dificuldade na terra
Farei o possível pra morar contigo na pedraSereia bonita descansa teus braços em mim
Não quero tua poesia teu tesouro escondido
Deixa a onda levar todo esboço de idéia de fim
Defina comigo o traçado do nosso sentidoQuero teu sonho visível da pedra mais alta
Quero gotas pequenas molhando a pedra mais alta
Quero a música rara o som doce choroso da flauta
Quero você inteira e minha metade de volta - Pratododia
Como arroz e feijão é feita de grão em grão a nossa felicidade
Como arroz e feijão a perfeita combinação soma de duas metadesComo feijão e arroz que só se encontram depois de abandonar a embalagem
Mas como entender que os dois
Por serem feijão e arroz
Se encontram só de passagemMe jogo da panela
Pra nela eu me perder
Me sirvo a vontade
que vontade de te verO dia do prato chegou é quando eu encontro você
Nem me lembro o que foi diferente!
Mas assim como veio acabou e quando eu penso em vocêChoro café e você chora leite
Choro café e você chora leite - Ecoando Notas
- Mais e Menos
- 22-11
- Separô
Separô toda minha correria
separô o joio do trigo e da padaria
separô diante de mim quando minha tristeza era parte do dia
separô Dona Beleza de Dona Maria
Separô o que não restava do que já não tinha
separô diante minha palavra e se fez poesia
separô pra ouvir meu protesto, meu gesto que incerto, talvez não faria
Separô o silêncio da dor me trazendo alegria
Separô pra pensar no que a gente faria
Se não houvesse a poesia
Se não restasse farinha pro nosso pão!Iria só até o fim
daria tudo e mais um pouco de mim
separa um tanto que o outro eu te dou
separa a chuva pra continuar flor! - Ana e o Mar
Veio de manha molhar os pés na primeira onda
Abriu os braços devagar... e se entregou ao vento
O sol veio avisar... que de noite ele seria a lua,
Pra poder iluminar... Ana, o céu e o marSol e vento, dia de casamento
Vento e sol, luz apagada num farol
Sol e chuva, casamento de viúva
Chuva e sol, casamento de espanholAna aproveitava os carinhos do mundo
Os quatro elementos de tudo
Deitada diante do mar
Que apaixonado entregava as conchas mais belas
Tesouros de barcos e velas
Que o tempo não deixou voltarOnde já se viu o mar apaixonado por uma menina?
Quem já conseguiu dominar o amor?
Por que é que o mar não se apaixona por uma lagoa?
Porque a gente nunca sabe de quem vai gostar?Ana e o mar... mar e Ana
Historias que nos contam na cama
Antes da gente dormirAna e o mar... mar e ana
Todo sopro que apaga uma chama reacende o que for pra ficarQuando Ana entra n'água
O sorriso do mar drugada
se estende pro resto do mundo
abençoando ondas cada vez mais altas
barcos com suas rotas e as conchas que vem avisar
desse novo amor... Ana e o mar - Carinho de Mãe
- De Ontem em Diante
De ontem em diante serei o que sou no instante agora
Onde ontem, hoje e amanhã são a mesma coisa
Sem a idéia ilusória de que o dia, a noite e a madrugada são coisas distintas
Separadas pelo canto de um galo velho
Eu apóstolo contigo que não sabes do evangelho
Do versículo e da profecia
Quem surgiu primeiro? o antes, o outrora, a noite ou o dia?
Minha vida inteira é meu dia inteiro
Meus dilúvios imaginários ainda faço no chuveiro!
Minha mochila de lanches?
É minha marmita requentada em banho Maria!
Minha mamadeira de leite em pó
É cerveja gelada na padaria
Meu banho no tanque?
É lavar carro com mangueira
E se antes um pedaço de maçã
Hoje quero a fruta inteira
E da fruta tiro a polpa... da puta tiro a roupa
Da luta não me retiro
Me atiro do alto e que me atirem no peito
Da luta não me retiro...
Todo dia de manhã é nostalgia das besteiras que fizemos ontem - Realejo
Será que a sorte virá num realejo?
Trazendo o pão da manhã, a faca e o queijo
Ou talvez um beijo teu que me empreste a alegria
Que me faça juntar todo resto do dia
Meu café, meu jantar
Meu mundo inteiro
Que é tão fácil de enxergar
E chegarNenhum medo que possa enfrentar
Nem segredo que possa contarEnquanto é tão cedo, tão cedo
Enquanto for um berço meu
Enquanto for um terço meuSerás vida bem vinda
Serás viva bem viva
Em mimSerá que a noite vira num vilarejo
vejo a ponte que levara o que desejo
admiro o que há de lindo e o que há de ser... vocêEnquanto for um berço meu
Enquanto for um terço meuSerás vida bem vinda
Serás viva bem viva
Em mim"Os opostos se distraem
Os dispostos se atraem" - O Anjo Mais Velho
"O dia mente a cor da noite
E o diamante a cor dos olhos
Os olhos mentem dia e noite a dor da gente"Enquanto houver você do outro lado
Aqui do outro eu consigo me orientar
A cena repete a cena se inverte
enchendo a minha alma d'aquilo que outrora eu deixei de acreditartua palavra, tua história
tua verdade fazendo escola
e tua ausência fazendo silêncio em todo lugarmetade de mim agora é assim
de um lado a poesia, o verbo, a saudade
do outro a luta, a força e a coragem pra chegar no fime o fim é belo, incerto, depende de como você vê
o novo, o credo, a fé que você deposita em você e sóSó enquanto eu respirar/Vou me lembrar de você
- Sua Pressa e Sua Prece
- Camarada d'água
Camarada d'onde vem essa febre
Nossa alegria breve, por enquanto nos deixou...
Camarada viva a vida mais leve
Não deixe que ela escorregue
Que te cause mais dorCaixa d'água guarda a água do dia
Não cabe tua alegria
Não basta pro teu calor
Viva a tua maneira
Não perca a estribeira
Saiba do teu valorE amanheça brilhando mais forte
Que a estrela do norte
Que a noite entregou!Camarada d'água
Fique peixe de manhã, de madrugada
Fique toda hora que forCamarada d'água
Fique peixe de manhã, de madrugada
Fique toda hora que for... e não for"Você é riacho e acho que teu rio corre pra longe do meu mar...
mar marvado seria o rio que correndo do meu riacho...
levaria o que acho pra onde ninguém pode achar..." - Zaluzejo
"Ah eu tenho fé em Deus, né? Tudo que eu peço ele me ouci... né? Ai quan`o eu to com algum probrema eu digo: meu Deus! me ajuda que eu to com esse probrema! Ai eu peço muito a Deus... ai eu fecho meus olhos,né? Meu Deus me ouci na hora que eu peço pra ele, né? Eu desejo ir embora um dia pra Recife. Não vou porque tenho medo de avião, de torro...de torroristo...ai eu tenho medo né?
Corra tudo bem... se Deus quiser... se deus quiser..."Pigilógico, tauba, cera lítica, sucritcho, graxite, vrido, zaluzejo
"eu sou uma pessoa muito divertida"
Pigilógico, tauba, cera lítica, sucritcho, graxite, vrido, zaluzejo
"não sei falar direito"
Pigilógico, tauba, cera lítica, sucritcho, graxite, vrido, zaluzejo
"não sei falar"
Tomar banho depois que passar roupa mata. Olhar no espelho depois que almoça entorta a boca. E o rádio diz que vai cair avião do céu. Senhora descasada namorando firme pra poder casar de véu. Quando for fazer compras no Gadefour: Omovedor ajactu, sucritcho, leite dilatado, leite intregal. Pra chegar na bioténica, rua de parelepídico. Pra ligar da doroviária, telefone cedular. Quando fizer calor e quiser ir pra praia de Cararatatuba, cuidado com o carejangrejo.
Tem que ta esbeldi, não pode comer pitz, pra tirar mal hálito, toma água do chuveiro. No salão de noite, tem coisa que não sei. Mulé com mulé é lésba e homi com homi é gay. Mas dizem que quem beija os dois é bixcional...Só não pode falar nada, quando é baile de carnaval. Pra não ficar prenha e ficar passando mal, copo d'água e pílula de ontemproccional. Homem gosta de mulher que tem fogo o dia inteiro,cheiro no cangote, creme rinsa no cabelo. Pra segurar namorado morrendo de amor escreve o nome num pepino e guarda no refrigelador, na novela das otcho, Torre de papel, menina que não é virgem, eu vejo casar de véu
Se você se assustar e tiver chilique, cuidado pra não morrer de palaladi cadique. Tenho medo da geladeira, onde a gente guarda yogurte, porque no fio da tomada se cair água pode dá cicrutche. To comprando um apartamento e o negócio ta quase no fim
O que na verdade preocupa é o preço do condostim
O sinico lá do prédio, certa vez outro dia me disse:
Que o mundo vai se acaba no ano 2000 é o que diz o acalipse. Tenho medo de tudo que vejo e aparece na televisão. Os preju do Carajundu fugiram em buraco cavado no chão. Tesorista, assassino e bandido, gente que já trouxe muita dor. O que na verdade preocupa é a fuga do seucrostador. Seucrosta quem não tem dinheiro, quem não tem emprego e não tem condução. Documento eu levo na proxeca porque é perigoso carregar na mão. Mas quando alguém te disser ta errado ou errada. Que não vai S na cebola e não vai S em feliz. Que o X pode ter som de Z e o CH pode ter som de X. Acredito que errado é aquele que fala correto e não vive o que diz."e eu sou uma pessoa muito divertida...eles não inventavam nada... eu gostava de inventar as coisa
não sei falar direito...inventar uma piada, inventar uma palavra, inventa...uma brincadeira...não sei falar...me da um golinho... me da um golinho..."E com muito prazer que eu convido agora todos aqueles que estão ouvindo esta canção. Para entoar em uníssono o cântico: Omovedor, Carejangrejo
Vamos aquecer a nossa voz cantando assim:
Omovedor, Carejangrejo, Omovedor, carejangrejo... Omovedor!"omovedor... carejangrejo... só isso que eu tenho pra falar!"
- Uma Parte Que Não Tinha
Não tem sol, nem solução
não tem tempero no meu dia
Não faz mal se a tradição nos traduz outra alegria
Não ter pressa dá a impressão de que a tarde virou tédio
não tem bala, belo, bola ou balão
não tem bula meu remédio.e não tem cura...
acho que me perdi numa excursão
que fiz na tua certeza e na contradiçãoe não tem cura...
acho que me perdi numa excursão
que fiz na tua palavra e no teu palavrãoNão tem sol, nem solução
não tem tempero no meu dia
Não faz mal se a situação não traduz nossa alegria
Não ter festa dá a impressão de que o mundo ficou sério
não tem bala, belo, bola ou balão
não tem bula meu remédio.e não tem cura...
acho que me perdi numa excursão
que fiz pra lua
no meu universo o sol é solidãoe não tem cura... acho que me perdi numa excursão
que fiz pra lua
no meu único verso o sol é solidãoNão tem mal, nem maldição
não tem sereno no meu dia
Não tem sombra e assombração
Não tem disputa por folia
Tem bola de capotão, capitão, capture essa menina
tem saudade e saudação
tem uma parte que não tinha...
parte que não tinha... parte que não tinha... - A Fé Solúvel
É, me esqueci da luz da cozinha acesa
de fechar a geladeira
De limpar os pés,
Me esqueci Jesus!
De anotar os recados
Todas janelas abertas,
onde eu guardei a fé... em nósMeu café em pó solúvel
Minha fé deu nó
Minha fé em pó solúvelÉ... meu computador
Apagou minha memória
Meus textos da madrugada
Tudo o que eu já salvei
E o tanto que eu vou salvar
Das conversas sem pressa
Das mais bonitas mentiras
Hoje eu não vivo só... em paz
Hoje eu vivo em paz sozinho
Muitos passarão
Outros tantos passarinhoQue o teu afeto me afetou é fato
Agora faça-me um favorUm favor... por favor
A razão é como uma equação
De matemática... tira a prática
De sermos... um pouco mais de nós!Que o teu afeto me afetou é fato
Agora faça me um favorUm favor... por favor
- O Tudo é Uma Coisa Só
"Porque eu tinha irmão, tinha irmã, tinha eh...eh...primas,
primos, prima... tudo junto...né?
tudo assim que nem nois ta aqui agora..."Tem horas que a gente se pergunta
Por que é que não se junta tudo numa coisa só?Boneca, panela, chinelo, carro, o nó que eu desamarro
Surge pra me dar um nó
Você aparece de repente e coloca em minha frente dúvida maior
Se tudo que eu preciso se parece
Por que é que não se junta tudo numa coisa só?Balaio
de domingo eu não saio
De bambu e corda...
so se for pra rezar
Luz... no cabelo e nos olhos
No sorriso do justo feito pra iluminar
Cruz... na parede e no púlpito
Nas nossas costas de súbito
Pesadas pra se carregar
Porta, abre e fecha o caminho
O balaio eu carrego sozinho e ilumino esta cruz com meu jeito de andar... porque!!Tem horas que a gente se pergunta
Por que é que não se junta tudo numa coisa só?"A gente fica meio... meio desencontrado do que a gente é... né?
... se abusá não da nem tempo de aprende as coisa"mãe, primo, pai, avo, padrinho, zelador juiz, vizinho, ]
[ tio, cunhado, irmão, avó
família é um assunto complicado
quem não gosta mora ao lado e o mais velho mora só
Pois traga um colchão aqui pra sala
por que é que não se junta tudo numa coisa só?Poeta, ouvidor, desenhista, musico, malabarista... ]
[ comediante o que for
Todo mundo procura um lugar, pra poder compartilhar... ]
[ da dor e da alegria
Sarau em Arcoverde só de sexta venho aqui reivindicar eu quero isso todo dia
Sarau na Arcoverde só de sexta venho aqui reivindicar
eu quero isso todo dia"para os manos daqui... para os manos de lá!"
Tem horas que a gente se pergunta
Por que é que não se junta tudo numa coisa só?Católico, evangélico, budista, macumbeiro, corintiano, ]
[ espírita ou ateu
Todo mundo busca a paz interna tamo aqui pra ser lanterna...
foi assim que ele escreveu
Palavras e palavras e palavras
e ainda acham que o deus do outro não pode ser meuQuando juntarmos... você comigo... Cordão umbilical e umbigo
A gente vai ser só um
E até lá eu não vou caminhar mais sozinho
O distante será meu vizinho... e o tempo será...
A hora que eu quiser!! Oras!! Oras!!Tem horas que a gente se pergunta
Por que é que não se junta tudo numa coisa só? - Amém
Pelo retrovisor enxergamos tudo ao contrário
Letras, lados, lestes
O relógio de pulso pula de uma mão para outra e na verdade... ]
[ nada muda
A criança que me pediu dez centavos é um homem de idade ]
[ no meu retrovisor
A menina debruçando favores toda suja
É mãe de filhos que não conhece
Vendeu-os por açúcar
Prendas de quermesse
A placa do carro da frente se inverte quando passo por ele
E nesse tráfego acelero o que posso
Acho que não ultrapasso e quando o faço nem noto
O farol fecha...
Outras flores e carros surgem em meu retrovisor
Retrovisor é passado
É de vez em quando... do meu lado
Nunca é na frente
É o segundo mais tarde... próximo... seguinte
É o que passou e muitas vezes ninguém viu
Retrovisor nos mostra o que ficou; o que partiu
O que agora só ficou no pensamento
Retrovisor é mesmice em dia de trânsito lento
Retrovisor mostra meus olhos com lembranças mal resolvidas
Mostra as ruas que escolhi... calçadas e avenidas
Deixa explícito que se vou pra frente
Coisas ficam para trás
A gente só nunca sabe... que coisas são essas
- Amadurecência
A poesia prevalece!!!
O primeiro senso é a fuga.
Bom...
Na verdade é o medo.
Daí então a fuga.
Evoca-se na sombra uma inquietude
uma alteridade disfarçada...
Inquilina de todos nossos riscos...
A juventude plena e sem planos... se esvai
O parto ocorre. Parto-me.
Aborto certas convicções.
Abordo demônios e manias
Flagelo-me
Exponho cicatrizes
E acordo os meus, com muito mais cuidado.
Muito mais atenção!
E a tensão que parecia não passar,
“O ser vil que passou pra servir...
Pra discernir...”
Pra pontuar o tom.
Movimento, som
Toda terra que devo doar!
Todo voto que devo parir
Não dever ao devir
Não deixar escoar a dor!
Nunca deixar de ouvir...
com outros olhos! - O Mérito e o Monstro
O metrô parou
O metro aumentou
Tenho medo de termômetro
Tenho medo de altura
Tenho altura de um metro e tanto
Me mato pra não morrer
Minha condição, minha condução
Meu minuto de silêncio
Meus minutos mal somados
Sadomasoquismo são
Meu trabalho mais que forçado
Morrendo comigo na mão
[Pra dilatarmos a alma
Temos que nos desfazer
Pra nos tornarmos imortais
A gente tem que aprender a morrer
Com aquilo que fomos
E aquilo que somos nós] - Cidadão de Papelão
O cara que catava papelão pediu
Um pingado quente, em maus lençóis, nem voz
Nem terno, nem tampouco ternura
À margem de toda rua, sem identificação, sei não
Um homem de pedra, de pó, de pé no chão
De pé na cova, sem vocação, sem convicção
À margem de toda candura
À margem de toda candura
Cria a dor, cria e atura
Cria a dor, cria e atura
Um cara, um papo, um sopapo, um papelão
O cara que catava papelão pediu
Um pingado quente, em maus lençóis, à sós
Nem farda, sem tampouco fartura
Sem papel, sem assinatura
Se reciclando vai, se vai
À margem de toda candura
À margem de toda candura
Não habita, se habitua
Não habita, se habitua
Um homem de pedra, de pó, de pé no chão - Pena
O poeta pena quando cai o pano
E o pano cai
Um sorriso por ingresso
Falta assunto, falta acesso
Talento traduzido em cédula
E a cédula tronco é a cédula mãe solteira
O poeta pena quando cai o pano
E o pano cai
Acordes em oferta, cordel em promoção
A Prosa presa em papel de bala
Música rara em liquidação
E quando o nó cegar
Deixa desatar em nós
Solta a prosa presa
A Luz acesa
Lá se dorme um sol em mim menor
[Eu sinto que sei que sou um tanto bem maior]
O palhaço pena quando cai o pano
E o pano cai
A porcentagem e o verso
A rifa, a tarifa e refrão
Talento provado em papel moeda
Poesia metamorfoseada em cifrão
O palhaço pena quando cai o pano
E o pano cai
Meu museu em obras, obras em leilão
Atalhos, retalhos, sobras
A matemática da arte em papel de pão
E quando o nó cegar
Deixa desatar em nós
Solta a prosa presa
A luz acesa
Já se abre um sol em mim maior
[Eu sinto que sei que sou um tanto bem maior] - Opus Erectus (Allegro ma nem tanto)
- Sina Nossa
Mia Senhora,
És de lua e beleza,
És um pranto do avesso,
És um anjo in verso,
Em presença e peso,
Atrevo-me e atravesso
Pra perto do peito teu
Teu sagrado e tua besteira,
Teu cuidado e tua maneira de discordar da
dor,
De descobrir abrigo entre tanto amor,
Entretanto a dúvida,
A musica que casou,
Um certo surto que não veio
Há uma alma em mim,
Há uma calma que não condiz
Com a nossa pressa
Com o resta que nos resta
Lamentavelmente eu sou assim
Um tanto disperso
As vezes desapareço
Pois depois recomeço
Mas antes me esqueço
Nossa sina é se ensinar
A sina nossa é. - Si Atromiso
- Criado-Mudo
Eu acho que
Tenho certeza daquilo que eu quero agora
Daquilo que mando embora,
Daquilo que me demora
Eu acho que
Tenho certeza daquilo que me conforma
Daquilo que quero entender
E não acomodar com o que incomoda
Não acomodar com o que incomoda
E quando eu vou
É quando eu acho que
Onde é que eu tô
É pouco e tanto faz
Seja o que for,
Seja o que surge e some
Seja o que consome mais
Seja o que consome mas
Faz
E a historia que
Nem passou por nós
Direito ainda,
Pr'onde é que foi? - Sonho de Uma Flauta
Nem toda palavra é aquilo que o dicionário diz
Nem todo pedaço de pedra
Se parece com tijolo ou com pedra de giz
Avião parece passarinho que não sabe bater asa
Passarinho voando longe parece borboleta que fugiu de casa
Borboleta parece flor que o vento tirou pra dançar
Flor parece a gente pois somos semente do que ainda virá
A gente parece formiga lá de cima do avião
O céu parece um chão de areia
Parece descanso pra minha oração
A nuvem parece fumaça tem gente que acha que ela é algodão
Algodão às vezes é doce mas, às vezes, é doce não
Sonho parece verdade quando a gente esquece de acordar
E o dia parece metade quando a gente acorda e esquece de levantar
Ah! E o mundo é perfeito!?!
E o mundo é perfeito!?!
E o mundo é perfeito.
Eu não pareço meu pai, nem pareço com meu irmão
Sei que toda mãe é santa, sei que incerteza traz inspiração
Tem beijo que parece mordida,
tem mordida que parece carinho
Tem carinho que parece briga,
tem briga que aparece pra trazer sorriso
Tem sorriso que parece choro,
tem choro que é pura alegria
Tem dia que parece noite
e a tristeza parece poesia
Tem motivo pra viver de novo,
tem o novo que quer ter motivo
Tem sede que morre no seio,
nota que fermata quando desafino
Descobrir o verdadeiro sentido das coisas
É querer saber demais
Querer saber demais - (!)
- Eu Não Sou Chico Mas Quero Tentar
Eu não vou louvar valores,
Dos nossos amores as dores eu não vou contar,
O peito trajado de dores
A boca tragando rancores
E a dúvida nossa era onde chegar.
Brincando de ser e estar apenas,
Eu não sou Chico mas quero tentar
Mais cenas, dezenas, centenas, sentadas, safadas,
saradas, sanadas, sapatas, perdidas, famintas, gigantes,
pequenas
Eu não vou louvar rancores
Dos nossos amores as cores eu não vou pintar,
O peito trajado de flores
A boca tragando sabores
E a dúvida não será onde chegar.
Brincando de ser e estar apenas,
Eu não sou Chico mas quero tentar
Mais cenas, dezenas, centenas, sentadas, safadas,
saradas, sanadas, sapatas, perdidas, famintas, gigantes,
pequenas
As nossas condutas tão putas não valem a pena
Que pena, eh, que pena
As nossas condutas confusas nos tiram de cena, ah...
Que pena, eh, que pena
As nossas condutas tão putas não valem a pena
Que pena, eh, que pena
As nossas condutas confusas nos tiram de cena, ah...
Que pena, eh, que pena
Vou, vou engarrafar essa dor,
Vou engarrafar a saudade
Vou me embreagar de tristeza
Bendizendo ela vira beleza,
Gentileza gera gentileza....
Vou, vou engarrafar essa dor,
Vou engarrafar a saudade
Vou me embreagar de tristeza
Bendizendo ela vira beleza,
Gentileza gera gentileza....
A herança da escola dos dias
desde ave marias, presságios e preces
Ao jeito primeiro e primário de abrir as gavetas
De achar nova nomenclatura,
de achar um coelho na lua
De reescrever tuas letras,
de se esconder entre linhas
De se apagar entre nós.
Se apagar entre nós, se apagar entre nós
Se apagar, se apagar....
Se apagar...pa...pa... - #@s!@
- Alguma Coisa
Alguma coisa acontece em mim
Quando a menina passa - Abaçaiado
Na mitologia tupi, abaçaí é o nome de um espírito maligno
que se apossa de um índio deixando-o enfurecido,
logo quem está enfurecido, ta abaçaiado!
Abençoado, meu senhor
Donde vêm as asas do bicho voador?
Quem sopra junta as casas e traz sombra no calor?
Anubliado, clareou
Chão barreado não esconde a cor
Das lembranças que eu trago meu perdão e meu rancor
Alumiada estação
Onde as meninas brincando no portão
Tem horas que são senhoras, têm horas, que horas são?
E o que resta é sem sentido
Fico perdido, sem direção
Fico danado e nado o rio São Francisco
Buscando remanso pro meu coração
Abaçaiadô, é assim que eu tô
Abraçando a dor, é assim que eu vou
Abaçaiadô
Abaçaiado se irritou
Do outro lado fica quem não atravessou
Se hoje abaçaiado canta
É porque ontem já chorou
Alegriado acertou
Que o culpado é o mesmo que inocentou
Somos beijos de partida
e abraço de quem chegou
E o que resta é sem sentido
Fico perdido, sem direção
Fico danado e nado o que for preciso
Em busca de um porto pro meu coração
Abaçaiadô, é assim que eu tô
Abraçando a dor, é assim que eu vou
Abaçaiadô. - Xanéu nº5
A minha TV não se conteve, atrevida,
passou a ter vida olhando pra mim
Assistindo a todos os meus segredos,
minhas parcerias, dúvidas, medos
Minha tv não obedece
Não quer mais passar novela, sonha um dia
em ser janela, não quer mais ficar no ar
Não quer papo com a antena, nem saber
se vale a pena ver de novo tudo que já vi...vi
A minha TV não se esquece nem do preço,
nem da prece que faço pra mesma funcionar
Me disse que se rende à internet, em suma,
não se submete a nada pra me informar
Não quis mais saber de festa,
não pensou em ser honesta funcionando quando precisei
A noticia que esperava consegui na madrugada num site
flickr-blog-fotolog que acessei
A minha TV tá louca, me mandou calar a boca
e não tirar a bunda do sofá
Mas eu sou facinho de marré-de-si, se a maré subir,
eu vou me levantar
Não quero saber se acabo
nem se minha assinatura vai mudar tudo que aprendi
Triste fico seriado, um bocado magoado
sem saber o que será de mim
Ela não sap quem eu sou,
ela não fala a minha língua
Ela não sap quem eu sou,
ela não fala a minha língua
Enquanto pessoas perguntam porque,
outras pessoas perguntam porque não
Até porque não acredito no que é dito,
no que é visto,
Ter acesso é poder e o poder é a informação,
Qualquer palavra satisfaz a garota, o rapaz
E paz, quem traz, tanto faz?
O valor é temporário, o amor imaginário,
a festa e o perjúrio
O minuto de silencio
é o minuto reservado de murmúrio,
de anestesia
O sistema é nervoso e te acalma
com a programação do dia
Com a narrativa
A vida ingrata de quem acha que é noticia,
de quem acha que é momento,
Na tua tela,
Quer ensinar fazer comida uma nação
que não tem ovo na panela
Que não tem gesto,
Quem tem medo assimila
toda forma de expressão como protesto!
Num passado remoto perdi meu controle
Num passado remoto perdi meu controle
Era a vida em preto-e-branco.
Quase nunca colorida, reprisando coisas que não fiz....
Finalmente se acabando feito longa, feito curta,
que termina com final feliz
Ela não sap quem eu sou,
ela não fala a minha língua
Ela não sap quem eu sou,
ela não fala a minha língua
Eu não sei se paper-view,
ou se quem viu tudo fui eu
Eu não sei se paper-view,
ou se quem viu tudo fui eu - Os Insetos Interiores
a futilidade encarrega-se de maestra-los.
São inóspitos.
Nocivos.
Poluentes.
Abusam da própria miséria intelectual,
das mazelas vizinhas, do câncer e da raiva alheia
o veneno se refugia no espelho do armário - lembrou um deles.
o ninho deve estar infectado! – lembrou outro.
Antes do sono: o beijo de boa noite.
Antes da insônia: a benção.
Arriscam a partilha do tecido que nunca se dissipa: a família.
São soníferos...
Chagas sem curas.
Não reproduzem. são inférteis, infiéis, infertebrados.
Arrancam as cabeças de suas fêmeas.
cortam os troncos
Urinam nos rios
E na soma dos desagravos, greves e desapegos,
esquecem-se de si.
Pontuam-se.
A cria que se crie!
A dona que se dane!
Os insetos interiores proliferam-se assim... na morte e na merda.
Seus sintomas?
Um calor gélido e ansiado na boca do estomago
a sensação de... ? O que é mesmo que se passa?
Um certo estado de humilhação conformado parece bem vindo e quisto.
É mais fácil aturar a tristeza generalizada que romper
com as correntes de preguiça e mal dizer
Silenciam-se no holocausto da subserviência,
O organismo não se anima mais.
E assim, animais ou menos assim...
Descompromissados com o próprio rumo,
desprovidos de caráter e coragem
desatentos ao próprio tesouro...
Caem.
Desacordam todos os dias
não mensuram suas perdas e imposturas!
Não almejam.
Não alma.
Já não mais amor.
Assim são:
Os insetos interiores - A Primeira Semana
Antes que o tempo, a clave de fá, dós e si lá sóis
Antes da noite, uma tarde pra cada um de nós
Antes do barco, a chuva
Antes da roda, o frio
Antes do vinho, a uva
A fruta que não caiu
Fez dessa terra um cenário
Pras peças que nos pregaram
Fez bico de pena e diário
Pra escrevermos a regra e a exceção
Criou o perdão e o pecado
Criou a dor e o prazer
Criamos o certo e o errado
E o orgulho pra nos esconder
Do que prevalece em nós
Exílios calados, quimeras que exalamos sós
E tudo que eu criar pra mim
vai me abraçar de novo na semana que vem
E tudo que eu criar pra mim
vai me abraçar de novo
Vai me negar também semana que vem
Antes que o tempo, a clave, sustenidos e bemóis
Antes do inteiro, a metade
Uma outra parte de nós
Antes do vôo, o tombo
Um “uta” pra não chorar
Antes tarde do que nunca, pra nunca mais demorar
E o que prevalece em nós..... - F. Chopin (Opus 64 C#m)
- ...
Quanta mudança alcança o nosso ser
Posso ser assim, daqui a pouco não.
Quanta mudança alcança o nosso ser,
Posso ser assim daqui a pouco?
Se agregar não é segregar
Se agora for, foi-se a hora
Dispensar não é não pensar
Se saciou, foi-se embora
BIS
Quanta mudança....daqui a pouco....
Se lembrar não é celebrar
Dura-lhe a dor, quando aflora
Esquecer não é perdoar
Se consagrou, sangra agora
BIS
Tempo de dar colo, tempo de decolar
Tempo de dar colo, tempo de decolar
O que há é o que é
E o que será, nascerá
nasss...será?
Reciclar a palavra, o telhado e o porão
Reinventar tantas outras notas musicais
Escrever um pretexto, um prefácio, um refrão
Ser essência, muito mais
Ser essência muito mais
A porta aberta, o porto, a casa, o caos, o cais
Se lembrar de celebrar muito mais
Se lembrar de celebrar muito mais
A poesia prevalece, a essência , a paz, a ciência
Não acomodar com o que incomoda